Quando Octopath Traveler foi anunciado, houve uma enorme comoção entre os fãs pela possibilidade de jogar um JRPG de qualidade nos moldes dos antigos Final Fantasy, mas em plataformas atuais. A cada screenshot compartilhada ou trailer anunciado, uma nova alegria e uma moeda a mais no cofrinho. Mas de repente veio a realização; o jogo era exclusivo de Nintendo Switch. Após o momento de negação, vem a aceitação de que só jogaria daqui muito tempo. Até que do mais absoluto nada, poucas dias antes da E3, a Square Enix anuncia o port para PC com todas as funcionalidades adaptadas, um verdadeiro presente de natal antecipado. Agora só faltava saber, será que é bom mesmo?
Assim como o nome propõe, Octopath Traveler conta a história de oito personagens diferentes, cada um com suas próprias características e objetivos a longo prazo. Ao longo da aventura, a narrativa se aprofunda e mostra que a história individual de cada um está interligada a outras. Isso acaba criando laços e mostrando que aquele grupo de estranhos, na verdade, estavam destinados a se encontrar.
O game permite que o jogador escolha qual personagem será o principal (e fixo) entre 8 possibilidades, ditando o ritmo das batalhas. Como sou um jogador de suporte, sempre priorizo habilidades de cura, tornando Ophilia (equivalente a White Mage) a minha escolha. Isso fez com que até as batalhas mais difíceis, com monstros muitos mais fortes, ficassem tranquilas devido a minha alta capacidade de cura.
Porém rapidamente o jogo traz à tona uma grande falha; a repetição. Assim que seu protagonista é escolhido, inicia-se a grande jornada pelo mundo em busca de novos companheiros. Quando chegamos em uma cidade, encontramos um personagem novo se lamentando, em busca de ajuda. Após aceitarmos, voltamos no tempo e aprendemos como ele chegou naquela situação, quem é o vilão e a solução. Só que essa formula se repete para todas as quests de enredo, não apenas para encontrar novos recrutas, mas até para avançar na história pessoal de cada um. É sempre a mesma fórmula; entrar na cidade, entender o problema, ir até a dungeon, matar o boss e só. Após concluir, basta avançar uns dois mapas para chegar em uma nova cidade e repetir o processo.
Por sorte o jogo traz um sistema de combate incrível, que ameniza esses problemas ou pelo menos ajuda a desviar o olhar. As ações são feitas por turno, em ordem de acordo com a velocidade de cada personagem, exibida ao topo. Cada adversário traz uma barra inferior que mostra a sua defesa e seus pontos fracos. Então se um monstro tem 3 de defesa e fraqueza contra espada, basta atacá-lo com espada 3 vezes para quebrá-lo, fazendo-o perder a vez e receber mais dano. Além disso, a cada turno os personagens ganham 1 Battle Point (BP) que permite aumentar o número de ataques ou amplificar uma habilidade. Somado ao grande volume de personagens e ataques especiais, Octopath Traveler permite criar estratégias incríveis e combos destruidores, tornando-se um dos melhores sistemas de combate de JRPG do ano.
Além de magias especiais em combate, cada personagem traz uma características usável dentro das cidades que aprofunda ainda mais as interações e permite realizar algumas quests secundárias de forma interessante. Tressa, a Mercadora, pode comprar itens de outros NPCs com desconto. Já Therion, o Ladrão, pode roubar esses mesmos itens. Olberic, o Cavaleiro, pode desafiar o NPC para um duelo e iniciar uma batalha mano a mano (que lhe rende EXP e tudo). Isso permite que o jogador tenha interações criativas para das quests secundárias, fazendo com que a solução do problema seja apenas a utilização de uma habilidade. Um caso bacana, por exemplo, era um bandido que extorquia um velhinho mercador até que ao ser desafiado, e apanhar feio, desiste dessa vida e foge para longe.
O jogo também traz um sistema de classes (jobs) que permite que os personagens troquem de classe e continuem a aprender habilidades ativas e passivas, para maximizar o potencial de cada um. Embora seja possível concluir o jogo sem precisar fazer isso, é uma mecânica bacana para quem quer completar o máximo do jogo e criar o maior dano possível.
A direção de arte do jogo também merece destaque, por simular um ambiente 3D em um universo 2D (ou seria o contrário?) com muito sucesso. Com foco no centro da tela, todo o redor fica escuro e embaçado, criando uma sensação de profundidade e proximidade com o personagem. Embora pixel art esteja um pouco saturado no mercado, a caracterização dos personagens ficou incrível e bastante detalhada.